Quarta página do catálogo da CCE |
Continuando os reviews com mais 3 ports de arcade para NES. Curiosamente esta página do catálogo é somente sobre jogos de guerra e com uma característica muito específica...
Jackal
Lançado originalmente para Famicom Disk System (com o título de Final Command: Aikai Yosai) e convertido para NES com o título da versão World do arcade homônimo, este jogo é uma hidden jewel do NES. Ou não tão hidden assim, já que é bem conhecido nos EUA e na Europa. Por aqui, que eu saiba, foi lançado somente neste catálogo da CCE e não é tão fácil de encontrá-los nos Mercado Livres da vida.
Tela título |
Em 1988, quando do lançamento das versões domésticas do jogo, foi o ano término da guerra Irã-Iraque. Talvez esta guerra, que fez o preço do petróleo aumentar e que era noticiada no mundo todo, tenha sido uma grande incentivadora deste tipo de jogo. Em Jackal, sua missão é similar à missão de Choplifter: você deve resgatar soldados P.O.W. (Prisioneiros de Guerra), invadindo as bases inimigas e explodindo as prisões onde se encontram os reféns. Mas se em Choplifter seu equipamento era um helicóptero, em Jackal, você contava apenas com um jipe de guerra. E este jogo é simplesmente genial!
Sua missão |
Grande parte dos reviews deste blog comentam sobre a alta dificuldade dos jogos e a frustração que estes causam. Jackal também é um jogo extremamente difícil, mas não impossível. Os comandos respondem perfeitamente e possui uma lógica quanto ao contato com os inimigos. Deixe exemplificar: Em Contra ou Green Beret, também jogos da Konami, ao se tocar um inimigo, você morre. Sem opção. Talvez eles sejam radioativos ou sejam homens-bomba do talibã. Mas você morre. Em Jackal, como você pilota um jipe, ao tocar um soldado, o jogo considera que você o atropelou. Ele morre e você continua indo. Exceto quando você se choca contra um tanque ou outro veículo maior. A lógica é: o maior esmaga o menor.
Início da Batalha |
Embora tenha apenas seis fases, os comandos respondam bem e a dificuldade seja "honesta", o próprio jogo informa que a "batalha fará seu sangue ferver" e que "você precisará de um bolso cheio de milagres e a ferocidade de um chacal selvagem".
Como já mencionado, o jogo consiste em cruzar o território inimigo, destruir as bases e resgatar os soldados. Para realizar sua missão, o Jipe é equipado com uma metralhadora (de alcance médio, utilizada com o botão B), que se mantém sempre orientada para o Norte; e uma arma secundária, que pode ser uma granada, um míssil ou um míssil incendiário (botão A), que é lançado sempre no sentido em que se localiza o Jipe. Casas, prisões e portões só podem ser explodidos com a arma secundária.
Resgate |
Como nos jogos da Konami, você morre com um toque inimigo. Mas aqui não é difícil esquivá-los ou destruí-los antes de ser tocado.
Durante a batalha vemos um um helicóptero branco cruzar o campo de batalha. Logo em seguida localizamos um heliporto onde devemos descarregar os soldados que serão transportados em segurança. Aos guerreiros que estão no Jipe é esperado que destruam um boss por fase. Como o jogo possui seis fases, bem variadas, por sinal, são seis bosses e um boss final após o sexto boss. O som do jogo também é um espetáculo à parte. Este jogo é um clássico absoluto e sem dúvida merece ser jogado!
Ao final de cada fase |
Ao término do Jogo |
Gettaway / P.O.W (Prisoners of War)
Tela da versão americana |
Este jogo é relativamente desconhecido. Além de possuir distribuição exclusiva pela CCE - melhor dizendo, a única empresa que lançou-o no Brasil, mesmo que irregularmente - saiu com outro título, Gettaway.
Novamente, um port de arcade, mas desta vez produzido pela SNK. A mesma SNK que havia lançado títulos anteriores como Athena e Ikari (que alguns anos depois vão se juntar a Art of Fighting e Fatal Fury: The King of Fighter para formar o lendário The King of Fighter '94). Este jogo é um game em estilo Beat'n Up com gráficos incríveis! Infelizmente, não posso dizer o mesmo sobre a jogabilidade e o som.
Escapulindo da prisão |
A premissa do jogo é bastante simples: ao invés de resgatar Prisioneiros de Guerra, o jogador controla um prisioneiro de guerra em missão de fuga. Ou melhor: a primeira fase é uma missão de fuga. As fases posteriores parecem ser de uma sede de vingança contra seus captores.
A primeira grande diferença em relação ao arcade é a ausência do modo de dois jogadores, no NES sendo um jogo solo-player. Ao apertar start, a tela fica preta, mostrando um rastro de pólvora explodindo a grade da prisão, iniciando então um beat'n up clássico. E como um clássico, nele temos uma barra de life, algumas vidas e vários inimigos a derrotar para que a tela avance.
Na primeira fase |
O jogo possui quatro estágios: o primeiro é a fuga da prisão, o segundo a invasão de um complexo industrial-militar, o terceiro é na floresta e o quarto é o quartel-general inimigo.
Aqui temos a primeira inversão quanto aos beat'n ups clássicos: o botão B é o botão de soco enquanto o botão A é o botão de chute. Os dois botões juntos permitem um chute pulando. Mas, em compensação, assim como no primeiro Double Dragon, o chute é um ataque quase invencível, já que mais longo, impede o inimigo de acertar o jogador.
No fim da primeira fase |
Outra diferença é a interação com o cenário: portas abertas significa que se pode entrar nelas. Não somente portas, mas contêiners e até caminhões. Como o enredo é militar, os itens encontrados ao longo do jogo são de cunho militar: armas de fogo, colete a prova de balas, facas, soco-inglês, granadas...
Outra característica deste jogo são os continues. O NES não é famoso pelos continues, mas este jogo os possui. Um continue faz com que o jogador reinicie a fase. Como são longas, isso não diminui em muito a frustração do jogo. Embora seja um dos jogos mais fáceis do catálogo da CCE, ser trancado por inimigos significa a morte. Este é a maior causa mortis em termos de frequência no jogo.
Fase dois |
Alguns chefes no jogo só podem ser vencidos com granadas, como o primeiro, que é um helicóptero e o último que é um tanque - diferente de Green Beret em que se usa uma faca contra qualquer tipo de ameaça.
Embora possa ser considerado um jogo de guerra, é um jogo da década de 1980: nesta época se achava videogame uma coisa de nerds, que eram famosos por não ter namorada. Então boa parte dos jogos tem como enredo o resgate de namorada. (Não estou exagerando: Super Mario, Adventures of Lolo, Double Dragon, Final Fight, TMTN, Legend of Zelda, Donkey Kong, Adventure Island, Astyanax... a lista é imensa!) Este jogo apresenta, como um resquício desta década, um final em que o jogador encontra sua namorada...
Batalha dentro de um imóvel na fase 1 |
Fase três |
Ao adentrar o campo inimigo |
Final do jogo... |
Revolution Heroes / Guerrilla War / Guevara
Cartaz do jogo japonês |
Este é um dos meus jogos favoritos. Não somente pela diversão ou pela jogabilidade, que são medianos, ou ainda o som. Mas pela história. Não a história do jogo. Mas a história real por trás do jogo.
Este jogo foi lançado originalmente nos arcades japoneses com o título de Guevara, obviamente uma referência a Che Guevera (seu rosto estava até nos cartazes do game). Mas não somente isso: o player 1 do game era se chamava Guevara enquanto o player 2 se chamava Castro (Fidel ou Raúl?)
O Histórico do game comentava algo sobre uma revolução iniciando no ano de 1956 com a chegada de Guevara - a Revolução Cubana. A missão dos jogadores era cruzar Cuba e por fim depor o Ditador, iniciando então uma nova era neste país.
História do game japonês |
Como o jogo era uma versão atualizada de Commando (um jogo clássico da Capcom, presente no catálogo da CCE), incorporando elementos de Ikari Warriors (da SNK, também presente no catálogo) e elementos próprios, o jogo recebeu um port para Famicom e um ano depois foi portado para o NES.
Enquanto no Famicom foram mantidos os elementos do arcade original, no NES o jogo foi bastante modificado - diria até estuprado - pela Nintendo of America com o intuito de tirar todos os elementos a favor do comunismo e da Revolução Cubana. Por sinal, o nome do jogo no ocidente ficou mesmo como Guerrilla War e não como Guevara. No Brasil, divulgado pela CCE, recebeu um nome mais neutro: Revolution Heroes.
Versão americana |
Embora a versão americana tenha perdido os referenciais sobre a Revolução Cubana, os yankees que fizeram esta modificação esqueceram de retirar o líder da revolução da tela de início do jogo.
Ernesto "Che" Guevara de la Serda |
Foto de Che em 1956 |
Perseguição americana |
Na abertura do jogo japonês existe uma breve cena de perseguição em que os revolucionários, prestes a chegar em Cuba são perseguidos por aviões bombardeiros americanos. Esta cena foi retirada da versão americana do jogo, em que simplesmente o barco contendo o Player 1 e o Player 2 (respectivamente Guevara e Castro, no jogo japonês) chega a uma praia na ilha.
Na ilha, o jogo segue a lógica de um shooter básico: atirar, desviar, derrotar o boss. Existem pouco elementos próprios aqui. Um deles é a possibilidade de se salvar reféns: ganha-se 1000 pontos por salvar um refém, perde-se 500 por matá-lo acidentalmente - isso ocorre bastante.
Garota fugindo, pilotando tanque, soldados ocultos |
Assim como em Commando, o Botão B atira e o Botão A atira granadas. As granadas têm o papel de destruir barricadas, fazer mais dano em blindados ou ainda acertar inimigos que ficam em trincheiras.
Existe a possibilidade de se encontrar armamentos diferentes ao longo do percurso e de se pilotar tanques. A água não é um obstáculo: pode-se cruzar água para poder chegar até o outro do rio, mas os tanques podem ir somente pela ponte.
Os cenários são bem detalhados contendo, inclusive, vários detalhes cotidianos, como roupas secando em varais.
Trincheira |
Se os inimigos se escondem em telhados e trincheiras, isto também é permitido ao jogador. Capturar tanques inimigos também é uma estratégia válida ao avançar no jogo. E o mais interessante: toda ação do jogo (até mesmo no jogo americano) acontece em um mapa que sem dúvida alguma é Cuba. Jogaço!
Tela inicial do jogo japonês |
Primeiro Boss |
História do jogo americano |
Mapa de Cuba no Jogo |
Ending do game |
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