Ouve uma época em que não existia NES no Brasil. A gente mal sabia que merda era um cartucho de 72 pinos, não entendíamos nada de sistema isso e sistema aquilo, tinha nego tão leigo que chegávamos ao ponto de presenciar pessoas comprando jogo de Master System ou Phantom System pra depois perguntar se dava pra encaixar no Atari! Assim era na época dos clones de nintendinho no Brasil, o início da geração 8bits cá pra nossas bandas, cheia de dúvidas, acertos, imitações grandiosas e obviamente, algumas cagadas bem feias!
Em meados do final dos anos 80, a BigN lançava seu Nintendo Entertainment System, vulgo NES, em território ocidental, mais precisamente na América do Norte e na Europa. Como o Brasil estava fora dos planos de conquista mundial da gigante nipônica, algumas grandes empresas da época enraizadas no país como a Gradiente, Dismac e CCE (sim, a CCE é grande apesar de tudo) resolveram seguir por conta própria a tendência internacional do ressurgimento da febre dos videogames, e foi assim que uma enxurrada de consoles clones do aparelho da Nintendo começou a pipocar nas lojas de todo país.
E esse assunto dá muito pano pra manga, é verdade, então antes que eu me perca ou me empolgue e resolva contar as histórias de todos os clones que pintaram por aqui, eu vou é perguntar logo: o que se entende por clone?
Pra mim, entende-se algo igual, idêntico, e em se tratando de videogames, que possua as mesmas funcionalidades ainda que com aparência diferente. Então por que diabos foi que a GRADIENTE, criadora do clone de Nes mais bonito, simpático, e de maior sucesso do Brasil, inverteu a porcaria dos botões A e B do controlpad do aparelho em questão, o Phantom System?
É bem verdade que naquela época nós não tínhamos do que nos queixar: a gente acostumou com a sequência A B e tudo funcionava perfeitamente, bom, pelo menos até o momento em que a gente ia na casa de um amiguinho possuidor de algum outro clone e se deparava com um controle onde a sequência de botões era a correta, B e A.
Mas passados tantos e tantos anos, caros amigos retroaventureiros, anos que nos deixaram acostumados a apertar os botões em sua ordem correta em diversos consoles que foram se sucedendo geração após geração, essa grande cagada da Gradiente agora se mostra tão cristalina quanto pinga na hora em que o velho dono de um Phantom System resolve tirar a poeira do seu console pra fazer aquela jogatina: se tornou impossível, simplesmente impossível jogar com aqueles botões trocados do controlpad!
Sim, caros amigos retroaventureiros, eu sou um destes velhos donos de Phantom System que se sentiram impossibilitados de jogar uma mísera partidinha de Super Irmãos (o Mario Bros da Gradiente, lembra?) simplesmente por que o botão de pulo não estava no lugar certo! Assim, resolvi pedir a ajuda dos universitários no intuito de conseguir alguma fórmula mágica que me permitisse inverter os botões do controle, e fui atendido logo pelo primeira cara que me veio à cabeça, o grande Eric Fraga, vulgo Cosmonal, o cabeça por trás do excelente Cosmic Effect.
Claro, sou fã do trabalho que o cara faz lá no Cosmic, e foi assistindo a um dos vídeos, mais especificamente um onde o Eric tenta ressuscitar um Tele Jogo levando-o para um amigo dele técnico em eletrônica, que eu tive a ideia de pedir para que ele perguntasse pro cara se existia algum esquema que pudesse ser feito, e prontamente fui atendido!
E é com essa deixa que o Retroplayers inaugura a sessão RetroTutô, onde tentaremos postar eventualmente alguns tutoriais que possam ser de ajuda para a rapaziada retrogamer, que sempre nos manda pedidos de explicações disso e daquilo e a gente nunca tem tempo de responder né!! Mas sem maiores delongas, vamos ao que me foi passado, e boa sorte na hore de meter a mão na massa!
TUTORIAL: ALTERAR A ORDEM DOS BOTÕES A E B DO PHANTOM SYSTEM
Nível: INTERMEDIÁRIO
Material Necessário: FERRO DE SOLDA, PASTA DE SOLDA, UM PEDAÇO DE CABO DE REDE, ESTILETE, LIXA FINA
Esta é a placa do controle do Phantom System, bem robusta por sinal. os botões estão marcados pelas letras em laranja. O procedimento consiste em interromper as trilhas referentes aos botões A e B, e depois, soldar fios na placa de modo a inverter o caminho da resposta aos botões.
O primeiro passo é interromper as trilhas, que são os caminhos em VERDE CLARO. Para isso, utilize o estilete e raspe a placa nos locais mostrados abaixo até que o cobre seja eliminado da placa.
Com isso, as trilhas estão interrompidas, e resta agora, fazer a inversão delas.
Ainda com o estilete, raspe cuidadosamente então um pedaço da camada verde das duas trilhas e em seguida, limpe-as com a lixa fina, como mostrado abaixo: este é o lugar que receberá as soldas!
Um pouco de lógica: se as trilhas seguissem normalmente, elas chegariam a 2 pontos de solda distintos, não é mesmo? Esses pontos são os que reconhecem o aperto dos botões. Logo, o que devemos fazer, é cuidar para que esses pontos recebam as informações da OUTRA trilha, como mostra o diagrama a baixo:
Agora entra o CABO DE REDE: ele é composto de 4 pares de cabinhos menores, e estes cabinhos menores são excelentes para este tipo de trabalho. Se você não tiver um pedaço de cabo de rede que possa ser usado para isso, utilize um cabo de sua preferência, mas que seja fino o suficiente para que a solda não fique muito grande a fim de evitar problemas com contatos indesejados. Corte e descasque a ponta dos fios, eles serão agora soldados à placa.
Nessa parte é necessário algum conhecimento no manuseio de um ferro de soldar, e melecar o arame de solda na pasta para solda é imprescindível para que a solda grude com eficácia na placa. Na falta de um equipamento apropriado, eu utilizei um durex para prender o fio à placa enquanto realizava a solda! Jeitinho brasileiro né hehe!
Não importa por onde você vai passar os fios, aqui cabe o bom senso: o importante é cuidar para que eles não fiquem por sobre algum buraco ou atrapalhem algum encaixe do controle, e muito mais importante que isso é cuidar para que as soldas não alcancem outros pontos de contato para que não haja problemas no controle! No meu caso, preferi passar os 2 fios por baixo, dando a volta no buraco do pino central. Segue a solda já feita:
Solda feita, é hora de fechar o controle e testar! Aproveite para dar aquela limpada nos contatos do controle, álcool isopropílico ou spray limpa-contatos são os itens que você deve ter OBRIGATORIAMENTE em casa para isso (ambos são encontrados em casas de material elétrico), e não esqueça de já trocar os botões de plástico na carcaça, pois eles cabem um no lugar do outro sem problemas (ainda bem)!
E como é bom jogar no Phantom System apertando o botão certo no lugar certo!!!
Fechado, o controle fica com aspecto totalmente original, a não ser pelo mode interno realizado. Eu fiz em meus 3 controles, todos funcionaram perfeitamente, ou seja, se o procedimento for feito corretamente, é 100% de chance tudo funcionar às mil maravilhas.
Galera, eu sei que colecionadores de plantão abominam esse tipo de mudança interna em um console, então se você planeja vender seu aparelho com o tempo, NÃO FAÇA ESSA ADAPTAÇÃO a não ser que você tenha controles de reserva. Eu não sou colecionador e eu quero mais é jogar, então que se dane!!!
Fim
Postado aqui sem autorização consentida, no entanto, estou dando o link de onde a postagem pode ser lida originalmente.: http://www.retroplayers.com.br/2012/tuto-retro-01-trocando-a-sequencia-dos-botoes-do-seu-phantom-system/
(Caso o pessoal do Retroplayers peça, este post será retirado)
Rodrigo, esta Phantom da primeira foto é seu? eu ADORARIA ter uma cópia co poster que mostra o catálogo de jogos. Por favor, entre em contato. Obrigado.
ResponderExcluirRodrigo, esta Phantom da primeira foto é seu? eu ADORARIA ter uma cópia co poster que mostra o catálogo de jogos. Por favor, entre em contato. Obrigado.
ResponderExcluirOi Cleber. Não, este Phantom não é meu, é do Sabat do Retroplayers. Eu tenho um certo... "desgosto" pelo Phantom System... Coisa de quem é fã dos Dynavisions...
ExcluirHAHAH eu tendo, sei bem como é :) Obrigado pela resposta, grande abraço.
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