terça-feira, 9 de outubro de 2012

Mais dois shooters e um jogo da Guerra Fria


A terceira página de jogos do catálogo da CCE traz mais dois Shooters com helicópteros, mas que nada se assemelham a Tiger Heli, e também o primeiro jogo de ação.

Gyrodine

Gyrodine é um jogo pouco conhecido. Não apenas no Brasil, em que foi lançado apenas pela CCE, dentre as várias produtoras de jogos alternativos, mas pouco conhecido no mundo como um todo. Por um motivo simples: foi lançado apenas no Japão e consiste em um port de arcade de um jogo homônimo. Faz-se importante relembrar que o objetivo primário do Famicom era proporcionar ports de jogos de arcade. Como boa parte do catálogo da CCE é baseada nos primeiros jogos do console, essa característica se faz muito presente.

Tela de abertura
Embora um shooter, como muitos de sua era, Gyrodine é um jogo único. Duas características separam este jogo da maioria dos shooters: a primeira, Gyrodine possui dois planos de jogo, o que significa que existem inimigos terrestres e inimigos aéreos. Isso não é nenhuma novidade até aqui, a novidade em si é que, se existem dois planos de jogo, existem dois tipos de munição: o botão B atira contra inimigos aéreos, como aviões, helicópteros e zepelins, e o botão A atira contra inimigos terrestres, como tanques e canhões. Obviamente, cada tipo de tiro só acerta seu respectivo tipo de inimigo. Apertar os dois botões faz com que o helicóptero lance um tipo de míssil teleguiado, que quase nunca acerta, mas é efetivo contra ambos os tipos de inimigos.

Começando o jogo
A segunda grande inovação é de que de fato nos sentíamos pilotando o helicóptero. Embora apresentasse basicamente o mesmo movimento que qualquer outro shooter, Gyrodine tem outra característica fundamental: virar o helicóptero para um dos lados faz com que o helicóptero levemente se incline para o lado indicado, fazendo com que seus tiros saiam levemente na diagonal! Associado a isso, a tela acompanhava o movimento do helicóptero! Embora seja bastante limitado, mover-se para um dos lados fazia a tela mover-se também, assim possibilitando um pouco mais de cenário a se explorar!

Combate terrestre com helicóptero inclinado
Por ser dos primórdios do Famicom (este jogo é datado de 1985), o gráfico não pode ser comparado a Crisis Force, por exemplo, que utiliza o máximo que o Nintendinho tem a oferecer. O gráfico é, digamos, inferior até mesmo o de Tiger Heli. O som consiste apenas no som dos tiros, do rotor do helicóptero (aliás, Gyrodine é o nome que se dá ao rotor) e das explosões. As explosões possuem dois sons, o som dos veículos terrestres e o dos veículos aéreos.

E como não poderia deixar de falar: é um jogo muito difícil! Não possui continues ou passwords e nenhum cheat que permita continuar de onde parou... nunca passei da primeira fase. Mas é um excelente jogo para apenas um jogador.

Apareceu uma sereia no lago...

Choplifter

Tela inicial do Famicom
Odeio este jogo. Definitivamente: odeio este jogo. Este é outro daqueles jogos difíceis como o inferno. A diferença é que este não tem nada que chame minha atenção. Ok, posso estar sendo preconceituoso. Mas de qualquer forma, é a minha percepção sobre esta... coisa.

Novamente, este é um port de um jogo de Apple II que nunca deu as caras pelo ocidente. Ou melhor: Esta verão nunca apareceu por aqui, o original e do Atari 5200 eram bem conhecidos. O também foi lançado para o concorrente Master System, gráficos melhores, som melhor, e jogabilidade tão ruim quanto. Mas o objetivo aqui é falar sobre a versão do famicom que a CCE nos trouxe nos tempos primórdios do Nes no Brasil.
Tela inicial do Master System: deu inveja
Neste game em que também se comanda um Helicóptero, sua missão não é destruir tudo o que se move. Sua missão aqui é resgatar soldados M.I.A (desaparecidos em ação) e levá-los para a sua base. Talvez tenha surgido aqui a ideia para o clássico de PC (e SNES e Mega Drive) Desert Strike. Para completar uma fase é necessário salvar um número específico de soldados. Os empecilhos não são somente aviões e baterias anti-aéreas, mas também a questão do combustível. A cada segundo voando, o combustível diminui, o que é lógico, e ao resgatar soldados, o combustível é reabastecido.

Primeira tentativa de resgate

Os comandos respondem razoavelmente bem. O botão B atira enquanto o botão A, quando pressionado, faz o helicóptero Hawk-Z virar. Aliás, virar para esquerda, direita e centralizar o Hawk é vital neste jogo. Mesmo assim, o tempo de sobrevivência médio no jogo não chega a cinco minutos. (Em minha primeira tentativa para fazer este review, sobrevivi por exatos 8 segundos!)

Caso o jogador domine os comandos e desenvolva o Sétimo Sentido para prever os movimentos do jogo, ainda deve atentar para outro detalhe: ao pousar o Hawk, os soldados aliados podem ser esmagados.

Dizem que este jogo possui apenas três fases. Ao menos a versão de Master System possui apenas três fases. Nunca passei da primeira fase. Não apenas por não conseguir, mas também porque o jogo não oferece um atrativo para se continuar jogando.

Suposta Fase 2

Suposta Fase 3

Green Beret/Rush'n Attack

Tela inicial
Só para manter a tradição: Este é mais um daqueles jogos extremamente difíceis que foram portados do arcade nos primeiros anos de vida do Famicom. Mas este possui algumas peculiaridades que merecem ser comentadas antes de se iniciar o review do jogo propriamente dito.

Embora o nome original do jogo e de seu arcade seja Green Beret ("Boina Verde", nome que se refere aos militares nos EUA), no ocidente este jogo saiu com o título de Rush'n Attack (que significa "Correr e atacar"), embora digam as más línguas que é uma forma reduzidade Russian Attack ("Ataque dos Russos"). Devido ao ano de lançamento (originalmente 1985) e as hostilidades do período, realmente não duvido desta controvérsia.
Tela do jogo americano

Aqui você controla como um soldado solitário invadindo um território inimigo para destruir a sua "arma secreta". Apenas isso: um soldado solitário. Você pode despachar inimigos usando sua faca e armas que encontra pelo caminho, e assim como em Contra, tocar em um inimigo significa sua morte.

Particularmente, acho ideia por trás deste jogo insana. Quer dizer, o exército dos EUA envia apenas um único soldado, para não desencadear alarme, à base inimiga com nada além de uma faca. Quem é este soldado? John Rambo? James Braddock? 

Exército de um homem só
De qualquer forma o jogo é muito legal. O que o torna divertido é que nunca as armas reais vêm com frequência suficiente. Então você pode soltar seu espírito assassino e  golpear os inimigos com uma faca.

Alguns dos inimigos são difíceis de derrubar, alguns são mais rápidos, alguns são deitados para você, alguns saltam de paraquedas em você... Isso torna o jogo muito estressante. Considerando a que o jogador morre com um toque e que o grande desejo dos inimigos é cercá-lo, isso será bastante frequente. 

Embora independentemente do nível de desafio insano que este jogo tem a oferecer, é um jogo viciante e extremamente divertido. Curiosamente, a sequência M.I.A: Missing in Action, lançada para arcades em 1989, nunca saiu para os consoles domésticos - e é bem pouco conhecida.
Invadindo a base

Na base inimiga

Final do jogo, com a arma secreta destruída

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