domingo, 1 de abril de 2012

A SAGA do NES - parte 2: o cenário brasileiro


Compreendendo o que acontecia nas terras nipônicas e gringas, vamos entender o que ocorria no Brasil. Em tempos de ditadura militar, nosso país sofria uma reserva de mercado que impedia a importação de produtos tecnológicos para cá, a fim de proteger a demanda e produção do mercado brasileiro; tal reserva não se restringia apenas aos computadores, mas aos videogames também. Como os aparelhos tinham que ser fabricados em terras tupiniquins, as empresas importavam as peças, faziam algumas modificações nos games, montavam e vendiam. Por isso era comum que aparecessem logotipos das empresas nacionais ao invés das originais na tela de abertura dos jogos, a exemplo de Pitffal, em que aparecia CCE ao invés de Activision. A fiscalização não era especializada o suficiente para identificar os consoles e jogos como cópias de produtos importados.

O primeiro videogame produzido no Brasil foi o Telejogo, produzido pela Philco a partir de uma placa de Pong, sendo que o Atari 2600 dominou o mercado brasileiro assim que foi lançado. E junto com o 2600, diversos clones surgiram como o Dactar e o Supergame da CCE. Um destes clones ficaria famoso devido aos seus sucessores: o Dynavision.

Como ainda existia a reserva de mercado no Brasil, a Nintendo não se interessou em estender suas atividades por aqui, deixando o caminho aberto para as empresas produzirem seus clones. Os primeiros consoles genéricos de NES/Famicom (chamados de “Famiclones” hoje em dia) apareceram aqui em 1989, a reserva de mercado acabou em 1991, mas o boom nos Famiclones por aqui só diminuiu quando o NES foi lançado oficialmente no Brasil, em 1994.

Apresentando, então, os Famiclones brasileiros:

Phantom System

Empresa: Gradiente – Ano de lançamento: 1989 – Padrão: 72 pinos (americano)

Não foi o primeiro, mas na época foi o mais popular, pois havia propagandas dele nos gibis da Turma da Mônica e dos heróis Marvel e DC. Era um frankenstein: o console é a carcaça do Atari 7800 (a Gradiente ia lançar um clone deste, mas mudou de ideia devido ao cancelamento do mesmo nos EUA e, como já havia produzido várias, manteve a carcaça) e os controles são iguais aos do Mega Drive. O terceiro botão era o Start e o azul, o Select. Curiosamente, a Gradiente se tornou na década seguinte a representante da Nintendo no Brasil (primeiro através da Playtronic, uma jointventure dela com a Estrela para a representação da Big N por aqui, depois sozinha, a Estrela abandonou a união). A Gradiente também foi a responsável por grande parte dos jogos não-licenciados (her... piratas) lançados no Brasil.

Bit System

Empresa: Dismac – Ano de lançamento: 1989 – Padrão: 72 pinos (americano)

Lançado pela Dismac, empresa que produzia calculadoras. Baseado no visual do NES, mas ao invés de quadradão, ele possuía forma trapezóide. Possuía os PIORES controles possíveis.

TOP GAME VG-8000

Empresa: CCE – Ano de lançamento: 1989 – Padrão: 60 pinos (japonês)

O primeiro clone do NES lançado pela CCE, outros viriam na sequência. O controle era horrível: era uma versão adaptada do controle do Supergame VG-3000 (o clone do Atari da CCE já citado), sendo praticamente injogável: os botões A e B ficavam nas laterais, e só o controle 1 possuía os botões Select e Start.


Top Game VG-9000 e Turbo Game VG-9000T


Empresa: CCE - Ano de lançamento: 1990 e 1991 (respectivamente) Padrão: Dual

O segundo e terceiro consoles da CCE. Dessa vez eles vieram com controles D-pad destacáveis (detalhe para o controle do Turbo Game, que era o controle do Mega Drive de ponta-cabeça). Foram os primeiros consoles com sistema duplo: aceitavam tanto cartuchos  60 pinos (japoneses) quanto 72 pinos (americanos).

A CCE também disponibilizou diversos jogos no Brasil, todos sem licença, traduzindo os jogos japoneses e relançando com pequenas alterações no título. Circus Charlie virou Circus Chablie, Guerrilla War virou Revolution Heroes... e é claro, o clássico "Castle Vania". Pode-se dizer que graças à CCE, temos jogos lançados em inglês no Brasil que não saíram nos EUA.

Catálogo da CCE: [CAPA] [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9] [10]

Hi-Top Game e Hi-Top Game Turbo




Empresa: Milmar – Ano de lançamento: 1990 e 1991 respectivamente - Padrão: 72 pinos (americano)

O Hi-Top Game ainda se parece com os Ataris genéricos lançados aqui. O primeiro modelo teve algumas escolhas de design infelizes, como os botões Start e Select no console, além de controles estilo manche do Dynavision. O modelo Turbo já possuía o D-pad padrão, além de ser vendido com um adaptador para cartuchos 60 pinos (japoneses). Entre os jogos lançados pela Milmar, figuram Futebol, um hack do jogo Soccer.

Adaptador do Hi-Top Turbo


Super Charger

Empresa: IBTC – Ano de lançamento: 1990 – Padrão: 60 pinos (japonês)

Sem muitas informações sobre este, apenas que ele é muito parecido com o Famicom e com outro genérico, o russo Dendy, copiando inclusive o problema dos controles com cabo curto e fixos no aparelho. Diferente do Famicom, os controles não possuem microfone.

Geniecom


Empresa: NTD – Ano de lançamento: 1992 – Padrão: 72 pinos (americano)

Este é um genérico interessante: ele possuía um Game Genie embutido. Os controles eram grandes e pesados se comparados com o D-pad original do NES, mas possuíam entrada para fones de ouvido e controle de volume independente. Como o NES, ele também possuía saída de vídeo RF e RCA composto, além de poder ligar uma antena no console e no adaptador RF para ligá-lo na TV sem fios.

Pro System 8


Empresa: Chips do Brasil – Ano de lançamento: 1994 -  Padrão: 72 pinos (americano)

Um dos últimos lançados no Brasil, pois em 1994 a Playtronic lançou o NES oficialmente. O formato era uma cópia do Super Famicom e os botões do controle possuíam Turbo e Autofire independentes, assim como o controle turbo do SNES.

Top System

Empresa: Milmar – Ano de lançamento: 1994 – Padrão: Dual

O terceiro console da Milmar. Este também possuía sistema duplo de cartuchos. O D-pad era similar ao do PC Engine/TurboGrafx16. Outro da última leva a ser lançado.

NES


Empresa: Playtronic – Ano de lançamento: 1994 – Padrão: 72 pinos (americano)

Dispensa apresentações. Foi lançado no Brasil em vários sets diferentes. Havia o que vinha com a Zapper, havia o que vinha com o Powerpad e havia o da foto, que vinha com Super Mario Bros. 3. Foi extinto no ano seguinte.

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